XIQUEXIQUE: MUDA OU NÃO MUDA?

23/01/2011
BZ PRESS

Esta semana, o venerando Florzinho, um dos lindos e lúcidos octogenários da nossa cidade, em um gesto de atenção e delicadeza, coisa rara nos dias de hoje, veio à nossa casa, nos trazer uma folhinha (calendário para os mais novos) distribuída pela sua empresa PASF, da qual espero não ser cliente por tão cedo.

Na folhinha, uma pequena história do passado de nossa cidade, dá conta que em 1943, 68 anos atrás, visitou a nossa cidade, o então interventor federal (naquela época, em plena ditadura de Getúlio Vargas, não havia eleições, e o governador era indicado e nomeado pelo presidente Vargas) Renato Onofre PINTO ALEIXO. Recepcionado pelo então prefeito (também nomeado), Tenente Justianiano, acabou por tomar conhecimento que uma professora primária nomeada, com obrigação de lecionar no povoado de Marrecas, lá não comparecia, morava na sede do município, embora recebesse regularmente seu salário de professora. Indignado, o interventor PINTO ALEIXO determinou que a funcionária “fosse de imediato cumprir com suas obrigações”. A singela história acaba aqui.

O BZ saiu a campo para investigar os desdobramentos do fato. Primeiro descobrimos quem foi a professora, então uma jovem e decente mãe de família, esposa de um importante e rico comerciante da cidade. Este comerciante, indignado com a determinação do interventor, orientou sua esposa a pedir exoneração do cargo, afinal ele podia bancar todas as suas despesas, e não ia permitir que sua jovem esposa se submetesse às vontades de interventorzinho qualquer. Dito e feito, a jovem professora pediu demissão.

Anos depois, já em plena democracia, prefeitos e governadores eleitos pelo voto universal, eis que o poderoso comerciante, aproveitando-se de uma circunstância política, pede ao prefeito local, seu amigo e correligionário, a readmissão de sua esposa, aos quadros da Secretaria Estadual de Educação, coisa fácil e que foi conseguida quase que de imediato.

O que queremos mostrar, é que desde aquele tempo, pessoas já mamavam nas tetas do dinheiro público. Bravateiros como o rico comerciante, em público esbravejavam contra um governante, que apenas determinou que se cumprisse a lei, mas na surdina do conchavo, pedia a um político amigo, a readmissão de sua esposa aos quadros de uma repartição pública, afinal o então mísero salário de uma professora primária, que não lhe fazia falta, mas não tendo que dar contrapartida, é sempre bom recebê-lo.

Não vamos dar nomes aos bois, pois o que nos interessa é o milagre, e não o nome do santo, mas podemos dizer que descentes da professorinha e seu rico e arrogante marido comerciante, ainda hoje estão em nossa cidade, mamando nas tetas do dinheiro público. ATÉ QUANDO?