A vaidade é uma característica humana, que se mantida em níveis adequado, é plenamente tolerável, às vezes até saudável. Entretanto, se exacerbada, pode atingir certos níveis, chega ser uma neurose ou mais ainda, uma psicose.
Muita gente gasta e muita gente ganha muito dinheiro explorando essas fraquezas. Explorar vícios, por exemplo, bajular pessoas poderosos e vaidosas, sempre foi uma atividade rentável para aqueles que se prestam a esse papel, às custas daqueles que não sabem controlar seus vícios, suas paixões, seus impulsos.
Durante os muitos anos que transitamos como executivo de grandes empresas, fomos tentados por 2 vezes, a participar desse circo. Na primeira vez, fomos contatado pela SOCIEDADE BRASILEIRA DE TRADIÇÃO E HERÁLDICA-SBTH, que nos informava termos sido escolhido para sermos agraciado, no grau de COMENDADOR, numa solenidade a ser realizada em data e local já marcados, etc., etc... Normalmente se fica envaidecido e lisonjeado. Passado o primeiro “impacto”, vem a razão e pergunta óbvia: “o que é que eu fiz para merecer tamanha distinção”?
Anexo à comunicação da SBTH, vinha uma lista de pessoas ilustres, agraciadas em outras solenidades anteriores. Havia gente como Wolfgang Sauer, naquela época presidente da Volkswagen do Brasil e da Autolatina (uma “joint venture” com a Ford) e considerado um dos mais importantes executivos do país. Figurar a seu lado, era realmente uma distinção, uma honra. Um dos agraciados era um nosso velho conhecido, para quem ligamos a seguir. O negócio era um misto de verdade, fantasia e picaretagem. Os medalhões como o Sauer e este nosso amigo, serviam (sem saber) de chamariz e não pagavam nada, mas os demais, e eram muitos, pagavam e caro, a pretexto de financiar a solenidade de entrega das comendas e outras “despesas”. Alertados, fizemos contato telefônico com a SBTH, nos confessamos agradecidos, mas gostaríamos de saber quais os nossos feitos ou atos, que nos credenciavam a tal honraria, e quanto nos custaria a participação. Só responderiam tais questões, se fossem solicitadas por escrito. Fizemos a correspondência, e até hoje, mais de 30 anos depois, ainda não recebemos nenhuma resposta. Era pura picaretagem. Tínhamos sidos convidados para pagar a conta, em troca da comenda. Declinamos da “honrosa comenda”.
Tudo isso nos veio à mente, ao ler a notícia de que o prefeito de Xiquexique foi indicado pela CIPIS, para receber o Prêmio Integración Latino Americano 2011, sendo distinguido com troféu e Diploma, ao participar como convidado de honra do XLII Painel Latino Americano de Integracion, cujo tema abordado será: Primera Jornada de Educación de LatinoAmerica. Já achamos um tanto estranho, que uma ONG brasileira, use o espanhol como linguagem e comunicação.
Como homem público, exercendo um cargo público e eletivo, recebendo um prêmio exatamente pelo seu desempenho nesta função, o prefeito tem obrigação moral de vir a público e explicar todos os detalhes da honraria, quanto custou, quem pagou, que atitudes ou ações suas, o levaram a ser agraciado, etc..., ou do contrário, fica valendo qualquer consideração que se queira fazer, de vaidade, picaretagem, oportunismo e outras....Portanto nos cabe perguntar:
MÉRITO OU PICARETAGEM?
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