quinta-feira, 24 de julho de 2014

MORRE O ESCRITOR ARIANO SUASSUNA

24/07/2014


Nascido no ano de 1927 em Nossa Senhora das Neves (atual João Pessoa), Ariano Vilar Suassuna foi um dos principais escritores da literatura nacional. 


Dono de um estilo literário único, ele ocupava a cadeira nº 32 da Academia Brasileira de Letras. Ainda criança se mudou para o sertão e, posteriormente, seguiu para o Rio de Janeiro, onde seu pai foi assassinado por motivos políticos, causando assim a volta da família para a Paraíba. 


Idealizador do movimento Armorial, ele morreu nesta quarta-feira (23) em decorrência de um AVC. A Tarde




Para que o nosse leitor possa saber melhor quem foi e é Ariano Suassuna, veja  abaixo um poema dele. Quem escreve bonito assim, merece o reino de Deus

I
Esse tal de rocambole
Esfirra, nissin, miojo
Quer-me ver cuspi com nojo
Ofereça-me um rizole
Prefiro uma fruta mole
Beliscada do vem-vem
Feijão de corda xerem
Canjica com leite quente
Eu não troco meu oxente
Pelo ok de ninguém

II
Tomar wiski importado
Na taça pra ser bacana
Sou mais um gole de cana
Num caneco enferrujado
Não sou muito refinado
Nem tenho inveja também
Druris conhaque almadem
Prefiro minha aguardente
Eu não troco meu oxente
Pelo ok de ninguém

III
Esses verbetes do inglês
Que usam no dia a dia
Não me trazem simpatia
Estragam meu português
Vou ser sincero a vocês
Sou muito mais meu quinem
Adonde, prumode, eim?
Acho mais inteligente
Eu não troco meu oxente
Pelo ok de ninguém

IV
Eu não falo REDBUL
Prefiro touro vermelho
MIRROR pra mim é espelho
BLUE BIRD pássaro azul
Bonito e não BEAUTIFUL
Falo dez em vez de TEN
BABY pra mim é neném
E HOT pra mim é quente
Eu não troco meu oxente
Pelo ok de ninguém

V
Não gosto de pancadão
Nem de RAP improvisado
HIP HOP pé quebrado
Sem métrica e sem oração
Sou muito mais gonzagão
No forro do xem nhem, nhem
Gosto de aboio e também
De um baião de repente
Eu não troco meu oxente
Pelo ok de ninguém

Ariano Suassuna, brasileiro, nordestino e cidadão do mundo.

3 comentários:

  1. Como se vê, mestre José Custódio, a nossa cultura brasileira, notadamente a nordestina e especificamente a baiana, é de uma generosidade gratificante . Creia-me. Conversei, aqui em Salvador, há poucas semanas numa palestra que ele ministrou para o público amante da sua dramaturgia e Suassuna teve muita atenção comigo. Honrou-me com alguns elogios à minha insignificante pessoa e me fez refletir com a sua maneira simples e despojada de nordestino arretado, como somos, alíás, os nascidos nessa terra arrasada, mas abençoada, de Xiquexique, sobretudo em face das noticias de viés catastrófico sugerindo a inanição do canal do Guaxinim.

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    1. Nilson, obrigado pelas palavras generosas. Fico contente que você tenha tido o privilégio de conhecer pessoalmente o Ariano Suassuna, e que trocou algumas palavras com ele. Agora você pode guardar esta recordação pelo resto de sua vida. Um abraço

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  2. Os jacús e mocós daqui, morrem de inveja da cultura e do conhecimento de Dr. José Custódio de Morais. É isso aí, quem conhece, conhece, quem não conhece, morre de raiva; Dr. Zeca é a glória desta cidade. Dá-lhe Dr. Zeca,

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