quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

EDITORIAL - A CRÔNICA DA TRAGÉDIA ANUNCIADA

13/01/2011

Os noticiários da manhã, tarde e noite, só falam em deslizamentos, inundaçãoes, destruição e morte. Desde que me entendo como gente, desde que leio jornais, assisto noticiários de Tv e rádio, que vejo e escuto notícias como essas. Com freqüência anual, a funesta e fatídica resenha se repete inexoravelmente, ano após ano.
Este ano, somente na região serrana do Rio de Janeiro, as vítimas fatais chegam a mais de 300 e tendem a aumentar. O número de desabrigados, gente que perdeu a casa, móveis e utensílios domésticos é infinitamente maior. Os danos psicológicos, provocados pelo medo, pela tensão e pelos sacrifícios e perdas, são incalculáveis.
Também, de há muito tempo, sempre nessas horas aparecem os governantes bravateiros, demagogos. Prometem mundos e fundos, e não realizam nem fundos nem mundos. No ano passado a tragédia ocorreu na aprazível Angra do Reis. Das verbas prometidas, apenas a metade foi realmente enviada. Dos serviços que deveriam ter sido feitos, apenas 30% foi realizado.
Não há como evitar as chuvas torrenciais do verão, e em tais circusntâncis, até mesmo impedir deslizamentos de encostas. Entretanto há como diminuir drasticamente a perda de vidas humanas, e como mitigar os prejuízos materiais. Há que se trabalhar preventivamente, a exemplo do que se faz nos países que são afetados por outras calamidades da natureza.
Há que se mapear as zonas de risco, avaliar o que pode ser corrigido, construir as contenções das encostas, evacuar os moradores de zonas de risco elevado, reflorestar áreas devastadas, treinar continuamente evacuações para locais seguros previamente determinados, instalar radares metereológicos nas regiões de risco, estocar gêneros alimentícios, água, colchões, etc...
Segundo especialistas, os radares metereológicos (custa cerca de R$ 3 milhões, cada)  podem prever com razoável antecedência, os volumes e a hora das chuvas, num tempo em que permitiria a retirada das pessoas já treinadas, da área de risco para áreas seguras. O trabalho de mapeamento, avaliação dos riscos, remoção das construções em zonas de risco, construção das contenções das encostas, treinamento contínuo das populações, etc..., é trabalho para 10-20 anos .
Isso pode ser feito? Sim. E porque não se faz isso? Porque não dá votos. Tragédias que não acontecem, jamais poderiam ter seus efeitos demonstrados. Do outro lado, o custo financeiro das medidas preventivas acima é alto, e mais alto ainda é o custo político-social. A remoção de pessoas de suas casas, é uma atitude antipática, cheira a autoritarismo, mas é necessária. Resolver este lado da equação, requer dos homens públicos, federais, estaduais e municipais, a firmeza e abnegação (coisa rara neles), e do público envolvido a devida compreensão e resignação, para as duras soluções que terão que ser implantadas, coisa difícil, mas que pode ser conseguida com educação e punição.
No terceiro vértice desse triângulo, está a natureza, que cada dia mais agredida pelo homem, vai reagir de modo enérgico, e teremos mais chuvas, mais deslizamentos. Se não se fizer o que é devido, teremos também a repetição ampliada do que estamos assistindo hoje, no futuro. E vamos para mais um ano.

Um comentário:

  1. Tragédias crônicas
    As tragédias crônicas e naturais que matam centenas de eleitores/contribuintes, só vão parar de matar quando o Brasil, após cada desastre, colocar pelo menos 10 politicos na cadeia (sem direito a visita íntima, progressão de pena ou qualquer outro benefício absurdo vigente): a começar pelo presidente da câmara municipal, o vice-prefeito, o prefeito, o presidente da assembleia estadual, o deputado federal mais votado, o senador mais votado, o vice-governador e o governador do respectivo estado. Se isso acontecer, as tragédias não se repetirão mais. Eu garanto!

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