COURO DURO
Merval Pereira/O Globo
Bastou o ex-presidente Lula recomendar que os ministros acusados de corrupção tivessem “couro duro” e resistissem às denúncias antes de jogarem a toalha, para que os últimos envolvidos em escândalos ensaiassem uma resistência patética.
O ex-ministro do Esporte Orlando Silva esperneou muito antes de pedir para sair, e o máximo que conseguiu foi um enterro de primeira classe, com direito a salva de palmas e a declarações estranhíssimas da própria presidente, que afirmou que não perdera a confiança nele, mas, no entanto, abria mão de sua preciosa colaboração não se sabe bem por quê.
Já o ainda ministro do Trabalho, Carlos Lupi, deixou-se levar pelo entusiasmo e piorou sua situação ao anunciar que só sairia do ministério “abatido à bala”.
Tal resistência é um tanto exagerada e, mesmo como metáfora, seria mais produtiva para seus interesses se Lupi ameaçasse fazer um haraquiri em defesa de sua honra, em vez de ver alguém interessado em abatê-lo a tiros.
A provável saída do sexto ministro envolvido em denúncias de corrupção traz novamente à tona a responsabilidade do ex-presidente Lula, que foi o fiador de todos eles.
Tanta coincidência não é apenas constrangedora para a presidente Dilma como indica que há um método nessa divisão de feudos no governo, que obedece a uma distribuição de poder que Lula aprofundou com sua leniência e a presidente aceitou continuar, se não por comungar dos mesmos propósitos, por falta de força política para renegar, nunca por desconhecimento.
‘BANCADA DA ÉTICA’ PODE DEIXAR O PDT DE LUPI
Ficou tão ruim a situação no PDT que o partido pode perder três representantes na minoritária “bancada da ética” no Congresso: Antonio Reguffe (DF), deputado federal de maior votação proporcional do País, e os senadores Cristovam Buarque (DF) e Pedro Taques (MT). Eles estão entre os pedetistas envergonhados e indignados com o escândalo envolvendo assessores íntimos do ministro Carlos Lupi (Trabalho), e se isolaram por apoiarem a investigação das denúncias.
Truculência...Além das preocupações éticas, os três têm criticado o fato de o PDT ter sido reduzido a um partidinho de “propriedade” de Lupi.
PDT encolhe...A atitude autoritária de Carlos Lupi, esmagando a oposição interna à sua “liderança”, é outro fator que provoca o esvaziamento do PDT.
Morrendo pela boca...Do tipo falastrão, o ministro do Trabalho irritou Dilma mais ainda, ao “duvidar” que ela o demita e ao afirmar que só sai do cargo “à bala”.
Mudança estranha...O ministro Gilberto Carvalho cansou de ouvir Paulinho da Força (PDT-SP) falando mal de Carlos Lupi; não entende por que agora o defende.
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