sábado, 6 de maio de 2017

O CASTIGO DA BARATA



Ele vivia no fausto: 
Era rico o antepasto, 
Prato principal bem farto, 
Uma mansão com cascata; 
Agora vive assombrado, 
Chorando, desconsolado, 
Numa cela engaiolado, 
Com medo de uma barata. 

 II 

Dinheiro era como mato: 
O filé-mignon no prato, 
Vinha laqueado o pato 
No país de Ettore Scolla, 
Um bom vinho italiano, 
Cantando ao fundo uma soprano, 
Hoje ele come tutano 
Com doce de mariola. 

 III 

A vida era um festejar: 
Champanhe em todo lugar, 
Entradas de caviar, 
Vasos de ourivesaria; 
Hoje toma banho frio 
Da água que vem do rio, 
Se acocora num bacio
 Que veio lá da Turquia. 

 IV 

Só gostava de mansão: 
Sua cama era uma vastidão,
 A sala uma imensidão,
 Nunca lhe faltava mimo;
Hoje o choro sai da goela,
 Porque dói a espinhela, 
Ao dividir uma cela 
Com um rato, que é seu primo. 

 V 

Que adianta ter luxado, 
Até dos outros zombado,
Cheio de carro importado, 
Depois ganhar uma sentença: 
Trinta anos de cadeia,
Vê que a coisa ficou feia, 
O desespero campeia,
Pois o crime não compensa!


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